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Revista / LIBERDADE

Olivia Araujo defende a escolha de ser como quiser: 'O que importa é como você se sente bem'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Olivia Araujo fala sobre brincar com visual herdado pela personagem em Fuzuê

Olivia Araujo planeja voltar ao teatro - FOTOS: GUILHERME LIMA E MARCOS DUARTE
Olivia Araujo planeja voltar ao teatro - FOTOS: GUILHERME LIMA E MARCOS DUARTE

Na reta final da novela Fuzuê, Olivia Araujo (51) protagonizou uma cena emocionante, na qual sua personagem, Maria Navalha, que enfrentava um tratamento contra o câncer de mama, raspava o cabelo. Os fios curtos, porém, não são novidade na vida da atriz, que, assim como sua personagem na trama da TV Globo, também defende a liberdade, seja ela sobre seu estilo ou sobre sua própria vida. A artista, que está de férias e planeja voltar ao teatro com o monólogo Voar É o Que Me Põe em Pé, conversou com exclusividade com CARAS sobre temas como o feminino e o poder de escolha de cada um.

– Na reta final de Fuzuê você teve uma cena forte raspando o cabelo, só que os fios curtos não são novidade na sua vida, né?

– Nem um pouco, o meu cabelo já estava bem curtinho. E eu tinha dito logo no início, antes de saber de tudo, falei para a caracterização que ou a Maria Navalha era cabeluda ou careca, porque são duas coisas muito fortes. Uma mulher careca tem uma força que eu só entendi quando também fiquei careca. Porque, até então, eu nunca tinha passado a máquina na cabeça. Eu usava o cabelo curtinho desde os 15 anos, quando quase matei minha mãe do coração! Eu ia fazer aniversário e tinha um ‘blackquinho’ de responsabilidade; fui para o salão para voltar com o cabelo alisado, porque era o que se usava na época e voltei com o black curtinho. Foi um susto, né? E, desde então, me entendo muito bem com meu cabelo curto, gosto da minha nuca, acho que tem a ver com a minha personalidade.

– Mas como foi se ver careca pela primeira vez?

– Na hora eu nem pensei nisso, a única coisa que queria era contar a história, então tive zero problema. Mas, depois, me senti muito bonita, tenho que confessar (risos). Estou gostando!

– E não está menos feminina por causa disso.

– Nem um pouco! O que importa é como você se sente bem de fato, como se olha. Hoje, eu estou assim, mas isso não impede também que eu pegue a minha peruca, porque tenho uma lace linda. E se, de repente, daqui a seis meses, eu decida deixar o cabelo crescer, tudo bem, é o direito de escolha sobre a própria imagem. Muitas coisas do signo feminino não são nem uma escolha da própria imagem, e sim uma escolha social que nos é imposta. Então, uma mulher que tem cabelos longos é mais bonita que uma mulher com cabelos curtos? Eu não acho.

– Essa mesma liberdade você leva para a vida. Você disse que se identificava um pouco com a maneira de viver da personagem.

– De outro jeito, sim. A Maria Navalha era mais camicase do que a Maria Olívia, meu nome de batismo é Maria Olívia! Acho que ela não dimensionava a queda, ela só se jogava. Eu sou pela liberdade, acho que a gente tem que viver o que quer viver, independentemente do que os outros julguem. Sempre fui uma pessoa que gostou muito do meu direito de pensar e de ir e vir, mas sempre calculando mais a queda do que a Maria Navalha. Mas a gente tem esse encontro em comum, não acho que ela era uma mulher romântica clássica, que estava em busca de casamento, ela queria viver o amor, amar e ser amada e isso encontro em mim também. Independentemente do que julguem, nunca achei que um casamento fosse um negócio, que tem que casar por casar. O casamento é legal para quem quer, não necessariamente isso vai te fazer digno ou não. Socialmente, a gente tem esse preconceito, a mulher que foi casada, ela foi escolhida, a que é solteira foi preterida, ficou encalhada, né? Os nomes são os piores. Ninguém chama um homem de encalhado, de tio porque “sobrou”, não tem esse lugar da sobra, não tem isso para o homem. Por que tem para a gente? Acho estranho.

– Você sente essa cobrança por não ter se casado?

– Acho engraçado que as pessoas sempre perguntam sobre isso. Quando eu pergunto se alguém está bem, quero saber se a pessoa está bem e não se ela casou ou não casou, isso pouco importa, o que importa é se ela é feliz. Tem tanta gente acompanhada feliz e tanta gente casada e infeliz. Casamento não é sinônimo de que está tudo bem. Estar tudo bem, para mim, é viver de acordo com aquilo em que eu acredito, então eu estou bem.

– Se sente cobrada por não ter filhos também?

– Nunca pensei em casar, mas pensei muitas vezes em ser mãe. Acabou que não pude ter filhos por uma questão física, tive que fazer uma histerectomia parcial no útero. Eu poderia ter engravidado na sequência, mas não quis, porque isso ia colocar minha vida em risco e arriscar a saúde do bebê também. Depois pensei em adotar, enfim, eu quis muito ser mãe, mas não por um julgamento social, não porque toda mulher tem que ser mãe, mas eu sempre pensei assim desde muito nova. Nunca calculei pelo outro, nunca me importei, por mais que alguém falasse: ‘Você está namorando há tanto tempo, não vai casar? Não vai viver isso, aquilo?’. Nunca pensei nisso, nunca foi uma questão para mim.

FOTOS: GUILHERME LIMA E MARCOS DUARTE; ASSISTENTE FELIPE COSTTA; STYLIST: VITOR CARPE, ALEX DARIO; BELEZA: TITO VIDA